quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Nó logístico é entrave à expansão da Amazônia

BR 163, que liga Cuiabá (MT) a Santarém (PA)
A mudança geográfica do agronegócio e o desenvolvimento das regiões mais afastadas do Sul do País criaram um nó logístico no Brasil. Sem infraestrutura adequada — quase inexistente –, os Estados da chamada Amazônia Legal (Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Roraima, Rondônia, Maranhão e Tocantins) têm sido obrigados a fazer malabarismo para tirar ou trazer produtos para a região.

Calcula-se que, apenas nesses Estados, os gastos com transporte logístico representem R$ 17 bilhões por ano. Se nada for feito para criar novas rotas de transporte, esse número poderá saltar para R$ 33,5 bilhões na próxima década, conforme trabalho feito pela consultoria Macrologística a pedido da Confederação Nacional da Indústria (CNI) por meio da Ação Pró-Amazônia, que inclui as federações dos Estados da Amazônia Legal.

De acordo com o estudo, que demandou um ano de trabalho, o setor mais atingido pela precariedade da infraestrutura é o agronegócio de Mato Grosso — maior produtor de grãos do Brasil. Enquanto o mais lógico (e econômico) seria escoar a produção de grãos pelos portos do Norte, uma parte significativa da produção desce para os terminais do Sul e Sudeste do País, percorrendo centenas de quilômetros de estrada.

Cerca de 12% dos grãos produzidos na região de Lucas do Rio Verde, no norte mato-grossense, são exportados via Santos, Paranaguá e Vitória. O estudo exclui os grãos que são esmagados na região e representam 39% da produção local. Mais tarde, no entanto, depois de passar pelo processo de industrialização, boa parte do farelo e do óleo de soja segue para os portos do Sul e Sudeste rumo ao exterior.

Lucas do Rio Verde
De Lucas do Rio Verde, a produção percorre 2.008 km de caminhão até Santos — rota mais usada pelos produtores locais. Mesmo quem opta pelo transporte ferroviário não escapa das estradas. A carga tem de percorrer 547 km de caminhão e depois seguir 1.280 km de trem. Para Vitória, o percurso é ainda mais longo: são 1.424 km de ferrovia e 1.289 km de caminhão. 

As alternativas existentes hoje para escoar a produção pelos portos do Norte também não são nem um pouco atrativas. Se decidir usar o Porto de Itacoatiara — caminho preferido na rota norte –, o produtor terá de usar 1.577 km de estrada e 1.100 km de hidrovia. Apesar disso, trata-se da rota mais econômica: R$ 190 por tonelada até o Porto de Roterdã, na Europa. A mais cara é o transporte de caminhão via Paranaguá, que custa R$ 238.

“Nossa logística é péssima, mas o potencial de crescimento é enorme. Em dez anos o volume de investimentos deve se multiplicar por dez”, afirma o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Pará (Fiepa), José Conrado Santos. Segundo ele, hoje os Estados do Norte importam mercadorias do Sul por falta de conexão regional. Na média, as mercadorias demoram 30 dias para chegar na região.

Jornal da tarde

Nenhum comentário:

Postar um comentário